Medicina de conservação
A Medicina da Conservação é uma ciência multidisciplinar que se foca nas relações patogénicas entre o ser humano, fauna e ecossistemas, através do desenvolvimento e aplicação de práticas de gestão de saúde, políticas e programas com o objetivo de manter o equilíbrio ambiental essencial à saúde animal e humana.
Esta prática reúne veterinários, médicos, ecologistas, biólogos e profissionais da conservação para apoiar e desenvolver programas de investigação e de educação que exploram problemas associados à transmissão interespecífica de enfermidades ou à influência de fatores abióticos na vulnerabilidade da biodiversidade a agentes patogénicos.
Para saber mais sobre esta nova ciência consulte
Triade.org
Tufts University
The University of Edinburgh
Literatura aconselhada
Aguirre, A.A., Ostfeld, R.S., Tabor, G.M., House, C., Pearl, M.C. (2002). Conservation
Medicine: Ecological Health in Practice. New York, Oxford University Press. ISBN-10: 0195150937
Aguirre, A.A., Ostfeld, R.S., Daszak (2012). New Directions in Conservation Medicine: Applied Cases of Ecological Health. Oxford University Press. ISBN-10: 0199731470
Macdonald, M., Service, K. (2007). Key Topics in Conservation Biology. Blackwell Publications, Oxford. ISBN-10: 1405122498
O Oceanário de Lisboa através do know-how adquirido na área de medicina veterinária, ao longo de mais de 17 anos de experiência com várias espécies da coleção animal, e do network estabelecido com entidades congéneres, colabora, desenvolve ou coordena estudos de conservação in situ, ex situ ou sorta situ, na componente da medicina da conservação.
Incentiva a introdução desta ciência nos projetos de conservação que financia, através da formação em técnicas de rastreio de agentes patogénicos ou manipulação para procedimentos médicos ou para o estudo da utilização de habitat ou distribuição de uma espécie.
Conheça o trabalho do Oceanário de Lisboa no âmbito da medicina da conservação:
Programa Sada na ilha do Príncipe
No âmbito deste projeto, formou-se um grupo multidisciplinar com o objetivo de caracterizar as populações de tartarugas marinhas da região e estudar uma doença de expressão mundial, a fibropapilomatose.
As tartarugas marinhas apresentam vários parasitas, simbiontes e variadas doenças mas nada tem causado tanta preocupação como a fibropapilomatose, sendo considerada uma ameaça crescente para a sua sobrevivência. Trata-se de uma doença de origem infeciosa associada a um vírus (Herpes vírus) que pode levar à morte, caracterizando-se por múltiplas massas de tumores de pele, aparecendo geralmente em todas as partes moles do corpo das tartarugas, com uma maior expressão nas barbatanas anteriores, olhos e pescoço.
Este grupo multidisplinar que inclui o médico veterinário do Oceanário e especialistas nas áreas da virologia, anatomia-patológica e bacteriologia, desenvolveu protocolos para a descrição e documentação das lesões, a colheita e conservação de amostras para posterior análise em Portugal. Parte das amostras foram também utilizadas para colaborar num projeto da Universidade de Porto Rico.
Publicações científicas no âmbito deste projeto
First histological and virological report of Fibropapilloma associated with Herpesvirus in Chelonia mydas at Príncipe Island, West Africa
Phylogeography and Evolution of the Chelonid Fibropapilloma-associated Herpesvirus
Comportamento, interações predador-presa e interação com a pesca do peixe-lua, Mola mola
No âmbito deste projeto, o Oceanário teve um papel preponderante no aconselhamento sobre a metodologia de aplicação de dispositivos externos de telemetria nestes peixes.
Adicionalmente sugeriu a introdução da componente da medicina da conservação através da caracterização da flora bacteriana dos indivíduos capturados. As primeiras recolhas foram realizadas e as colheitas encontram-se em análise.
Projeto de saúde ambiental focado nas populações nacionais de anfíbios e reptéis
O Oceanário de Lisboa colabora neste projeto coordenado pela Associação Portuguesa de Herpetologia, através da elaboração de protocolos de colheita de amostras, necropsias, pesquisa de agentes patogénicos e tratamento de resíduos contaminados.