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Um oceano para conhecer



Conhecer é o primeiro passo para proteger. Deixe-se levar por uma corrente de curiosidades e descubra todos os segredos do oceano.

O que é a literacia do oceano?
A literacia do oceano é o conhecimento e a compreensão da influência do oceano na humanidade e do oceano na humanidade.
Trulli
Fig.1 - Pedro Pina - As ações de sensibilização e educação ambiental são uma forma de promover a literacia do oceano
O oceano é parte fundamental do nosso mundo, algo que todos partilhamos, de que todos beneficiamos e em que todos temos impacto. No entanto, a maioria de nós desconhece a influência do oceano na sua vida. Por esta razão, conhecer e compreender a influência do oceano na humanidade e o nosso impacto nele é essencial para uma sociedade responsável, que seja capaz de agir e mobilizar os outros para um futuro sustentável.
Assim, uma pessoa literata no oceano é capaz de:
Compreender a importância que o oceano tem para a humanidade;
Comunicar de forma informada e clara sobre o oceano;
Decidir, de maneira consciente e responsável, sobre questões relacionadas com o oceano e o uso dos seus recursos.

A literacia do oceano assenta em sete princípios:
1- A Terra tem um oceano global e muito diverso;
2- O oceano e a vida marinha têm uma forte ação na dinâmica da Terra;
3- O oceano exerce uma influência importante no clima ;
4- O oceano permite que a Terra seja habitável;
5- O oceano suporta uma imensa diversidade de vida e de ecossistemas;
6- O oceano e a humanidade estão fortemente interligados;
7- Há muito por descobrir e explorar no oceano.
Porque é que o nosso planeta é conhecido por «Planeta Azul»?
O nosso planeta é conhecido por «Planeta Azul», pois esta é a cor que sobressai quando visto do espaço.
Trulli
Fig.1 - NASA, Unsplash - cerca de 71% da superfície do planeta é coberta por oceano
O planeta Terra, ou, talvez mais corretamente, planeta Oceano, tem um oceano global que ocupa cerca de 71% da superfície do planeta. Além de cobrir a maior parte do planeta, é este oceano que permite que exista vida na Terra e regula o clima e vários ciclos fundamentais, como o ciclo da água e do carbono.

O oceano é, ainda, fonte de bens e serviços indispensáveis à humanidade, já que fornece oxigénio, alimento e recursos energéticos, desempenha um papel fundamental na economia de vários países e é uma importante via de transporte.
Apesar do oceano ser o mais importante recurso natural é também um dos mais afetados pela ação humana. O crescimento da população humana, a pressão nas zonas costeiras, as alterações climáticas, a exploração não sustentável dos recursos marinhos e a poluição são as principais ameaças ao oceano.
Quantos oceanos existem?
O planeta Terra tem um oceano global e muito diverso que se encontra dividido em cinco bacias oceânicas: Atlântico, Pacífico, Sul (Antártico), Índico e Ártico.
Trulli
Fig.1 - Cinthia Aguilar, Unsplash - Oceano global
Historicamente, estas bacias são também chamadas de oceanos. Começou-se por reconhecer apenas quatro: o Atlântico, o Pacífico, o Índico e o Ártico. No entanto, atualmente a maioria dos países reconhece um quinto oceano, o Sul, que se estende desde a costa da Antártida até a linha de latitude a 60 graus sul.

A maior de todas as bacias oceânicas é a do Pacífico , com uma área total de quase 169 milhões de quilómetros quadrados, ocupa quase 47% da superfície total do oceano, incluindo o mar adjacente da China Meridional.
A bacia do Atlântico é a segunda maior bacia oceânica e ocupa 24% da superfície total do oceano com uma área de quase 85 milhões de quilómetros quadrados, incluindo os mares adjacentes.
De seguida, a terceira maior bacia oceânica é a do Índico, ocupando uma área aproximada de cerca de 70,5 milhões de quilómetros quadrados, 20% da superfície total do oceano.
A bacia do Antártico , ou do Sul, que ocupa cerca de 6% da superfície total do oceano (e a única delimitada apenas por outras bacias oceânicas), ocupa uma área aproximada de 22 milhões de quilómetros quadrados, pelo que é a segunda mais pequena.
Finalmente, a mais pequena bacia oceânica é a do Ártico, com cerca de 15,5 milhões de quilómetros quadrados, o que corresponde a cerca de 4% da superfície total do oceano.

Assim, neste oceano gigante, com 362 milhões de quilómetros quadrados (quase 4 mil vezes a área de Portugal!), existem mais de 1,33 mil milhões de quilómetros cúbicos de água salgada, ou seja, 97% de toda a água que existe no planeta. Dos restantes 3%, cerca de 2% dessa água está sob a forma de gelo nos glaciares e nas calotes polares, o que significa que de toda a água do planeta, menos de 1% da água é doce e está disponível, no entanto nem toda é potável. Na atmosfera também encontramos uma pequena fração da água, sob a forma de vapor de água.
Recursos adicionais:
Qual a origem do nome do oceano Pacífico?
No século XVI, o navegador português Fernão de Magalhães chamou Pacífico a um oceano desconhecido para a maioria dos Europeus.
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Fig.1 - Delaney Van, Unsplash - Estreito de Magalhães
No século XVI, o navegador português Fernão de Magalhães chamou Pacífico a um oceano desconhecido para a maioria dos Europeus. Numa tentativa de estabelecer uma nova rota das especiarias, a frota de Fernão de Magalhães, ao serviço do rei de Espanha, navegou para Oeste. Depois de uma longa travessia do Atlântico, de enfrentar motins e os perigos do hoje chamado estreito de Magalhães, a frota encontrou um novo oceano, com águas calmas, ao qual chamou de mar Pacífico.
Nesta altura, ainda se desconhecia que a América estava separada da Ásia e os marinheiros pensaram que se encontravam próximos das ilhas das especiarias. No entanto, estavam prestes a iniciar uma nova aventura, em que iriam atravessar o maior oceano do planeta, que na verdade escondia vários perigos à navegação, como correntes e ventos fortes. O oceano Pacífico é a maior bacia oceânica do planeta, com uma área de 169 milhões de quilómetros quadrados, suficiente para cobrir todos os continentes.
Recursos adicionais:
Qual a origem da água do primeiro oceano?
As moléculas da água que deram origem ao primeiro oceano formaram-se na nuvem cósmica que deu origem ao Sistema Solar.
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Fig.1 - David Billings, Unsplash - Ao chover durante milhões de anos, formou-se o primeiro oceano
A molécula da água é constituída por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio (H2O). O hidrogénio surgiu há 13,7 mil milhões de anos, quando o Universo se constituiu. Só centenas de milhões de anos mais tarde apareceu o oxigénio, que se forma nas estrelas e é libertado quando estas explodem. Estes e outros elementos concentraram-se depois nas chamadas nuvens cósmicas. No entanto, a existência de átomos de oxigénio e de hidrogénio no espaço não leva à formação imediata da molécula da água, que pode ter tido antes origem em dois processos: graças a raios cósmicos que transformaram o hidrogénio, ou com a ajuda de poeiras existentes nas nuvens cósmicas, como a que deu origem ao Sistema Solar.
Já a Terra formou-se há 4,6 mil milhões de anos. Nos primeiros 600 milhões de anos, meteoritos e asteroides colidiram com o planeta, tornando-o uma bola de fogo com um oceano de magma. São três as teorias sobre a formação do primeiro oceano do planeta. Uma afirma que a água existiu desde o início da formação da Terra, outra considera que foi transportada por asteroides que colidiram com o planeta, e uma terceira combina as duas anteriores. À margem das teorias, pensa-se que, há 4 mil milhões de anos, a Terra deixou de ser bombardeada por meteoritos e asteroides, e arrefeceu significativamente. Este arrefecimento levou à condensação de vapor de água, que formou as primeiras nuvens e as primeiras chuvas. Chovendo durante milhares de anos, estas primeiras chuvas fizeram nascer o primeiro oceano.
Esse primeiro foi sofrendo oceano alterações químicas desde a sua formação até aos dias de hoje. O oceano primitivo era mais ácido, e a sua temperatura e salinidade mais altas. Atualmente, o oceano tem menos um quarto da água que tinha originalmente, devido à sua evaporação e à ausência de uma atmosfera estável.
O oceano foi sempre igual?
O oceano sofreu alterações químicas e físicas desde a sua formação até aos dias de hoje.
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Fig.1 - Freepick.com - Através movimento das placas tecnónicas já existiram diferentes configurações dos continentes e do oceano ao longo da história do planeta
O oceano primitivo era mais ácido, e a sua temperatura e salinidade mais altas. Os sais presentes neste oceano tiveram origem na atividade vulcânica e depositaram-se mais tarde nas rochas. Atualmente o oceano tem menos um quarto da água que tinha originalmente, devido à sua evaporação e à ausência de uma atmosfera estável.
As cinco bacias oceânicas - Atlântico, Sul (Antártico), Pacífico, Índico e Ártico - que existem atualmente nem sempre existiram. Por causa dos movimentos da litosfera, houve momentos na história do planeta em que todos os continentes se encontravam juntos, formando um supercontinente e, por sua vez, um só oceano. Na verdade, ao longo de quatro mil milhões de anos, existiram seis supercontinentes e os respetivos oceanos.
O primeiro supercontinente designa-se Ur e só tinha 12% da massa continental que existe hoje. Há mil milhões de anos, o aumento da atividade vulcânica levou à formação do supercontinente Rodínia, com uma massa terrestre idêntica à atual. O último supercontinente denominou-se Pangeia e estava rodeado por um só oceano, Pantalassa. Nos próximos 50 milhões de anos, poderá formar-se um novo supercontinente.
Porque é o oceano salgado?
Inicialmente, os sais presentes no primeiro oceano tiveram origem na atividade vulcânica e depositaram-se mais tarde nas rochas.
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Fig.1 - Dave Herring, Unsplash - Parte do sal presente no oceano provém do desgaste das rochas
Atualmente, a água do oceano contém os sais dessas rochas, que vão sendo desgastadas, mas também contém sais que são libertados dos fundos marinhos.

Quando chove nos continentes, a água da chuva, que é ligeiramente ácida, dissolve os minerais encrustados nas rochas, que depois são transportados pelos rios para o oceano. Este é o processo principal, mas existem outros: a água do mar ao bater nas rochas faz com que haja erosão e acaba por dissolver os minerais. Por outro lado, as emissões vulcânicas e as fontes hidrotermais fazem com que haja reações com o fundo oceânico e com a água devido ao calor que se gera nestes locais, ou com que sejam lançados sais diretamente para a água do oceano. A deposição atmosférica também contribui para a salinização da água do mar.
Em média, a salinidade do oceano é de cerca de 35 gramas por litro de água do oceano. Por outras palavras, 3,5% do peso da água do oceano é sal. No entanto, 85% desses sais correspondem a cloreto de sódio (NaCl), ao que comumente chamamos sal marinho, que se forma quando um ião de sódio (Na+) se junta a um ião de cloreto (Cl-).
Qual é o mar mais salgado do planeta?
O mar mais salgado é o mar Morto com 264 gramas de sais por litro.
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Fig.1 - Israel Toa, Unsplash - Por ser o mar mais salgado, no Mar Morto flutua-se com grande facilidade
Apesar de termos um oceano global, este não é todo igual nem homogéneo. A salinidade média do oceano é de 35 gramas por litros, e, apesar de também variar em profundidade, a maior variação verifica-se à superfície. Esta variação deve-se, por um lado, à evaporação e à formação de gelo que fazem aumentar a salinidade da água, e por outro lado, à pluviosidade, às descargas dos rios, e ao degelo, que fazem diminuir a salinidade da água.
Graças à baixa pluviosidade e às altas temperaturas, com consequente evaporação elevada, que se fazem sentir na zona entre a Jordânia e Israel, o mar Morto é o mar mais salgado do nosso planeta. Ao aumentar a salinidade também a densidade da água, sendo muito fácil flutuarmos. Também devido à elevada salinidade não vive lá nenhum peixe, razão pela qual é conhecido como mar Morto.
Já o mar menos salgado é o mar Báltico, no Norte da Europa, com uma concentração que não atinge os quatro gramas por litro. Neste caso, a baixa salinidade deve-se à elevada quantidade de água doce que aí desagua, proveniente dos rios. No entanto, em profundidade, a água do mar Báltico torna-se ligeiramente mais salgada, uma vez que aumentando a concentração de sais na água esta torna-se mais densa e tende a afundar.
O que é a batimetria?
A batimetria é a ferramenta da oceanografia que estuda o relevo do fundo do mar, medindo a sua profundidade.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Relevo do fundo marinho
O fundo marinho tem uma grande variedade de formas de relevo e, como acontece nos continentes, também nele há montanhas, vales e planícies. Antigamente, para medir a profundidade, usava-se um cabo, marcado com nós, com uma medida conhecida, e um peso na extremidade. Hoje, graças a sonares multifeixes cada vez mais precisos e a satélites, o mapeamento tem maior rigor.
Os mapas batimétricos ilustram assim o relevo submarino, sendo as variações do fundo do mar e a sua profundidade representada por linhas de diferentes cores, chamadas linhas isobatimétricas.
Como é o fundo do oceano?
O fundo marinho tem uma grande variedade de formas de relevo e, como acontece nos continentes, também nele há montanhas, vales e planícies.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Variedade de formas de relevo do fundo marinho
A plataforma continental é o prolongamento da margem continental no oceano e estende-se até aos 200 metros de profundidade ou uma zona de declive acentuado, designada por talude continental. Geralmente a sua largura pode variar entre 10 e 65 quilómetros e, excecionalmente, até aos 650 quilómetros. Esta zona está coberta por sedimentos que provêm dos rios e dos glaciares.
O talude continental é a zona de transição entre continentes e o oceano, e está coberto por sedimentos finos. O declive é bastante acentuado e pode ir até às zonas mais profundas do oceano, ultrapassando os 4000 metros.
As planícies abissais surgem a seguir aos taludes e terminam nas cristas médias oceânicas (riftes). Encontram-se entre os 4000 e os 6000 metros de profundidade, dependendo do talude. São regiões planas que se estendem entre 200 e 2000 quilómetros. Por vezes, podem ser interrompidas por montes ou montanhas submarinas. Nas planícies, depositam-se grandes quantidades de sedimentos e de matéria orgânica de origem marinha.
A crista média oceânica é constituída por cordilheiras, maioritariamente submersas, que se alongam pelo fundo oceânico, numa extensão de cerca de 65 mil quilómetros. Tem, em média, 2500 metros de profundidade e entre 1000 e 1500 quilómetros de largura. Numa crista encontram-se vales, cumes e fraturas (que cortam perpendicularmente todas as estruturas existentes), e muitas vezes, as zonas mais elevadas ultrapassam o nível do oceano, dando origem às ilhas oceânicas. As cristas médias oceânicas são zonas de limites divergentes, ou seja, onde as duas placas tectónicas se afastam. Nestas zonas, liberta-se magma e forma-se nova crosta oceânica.
As fossas abissais são as regiões mais profundas do oceano. Começam geralmente entre os 2000 e os 4000 metros de profundidade, podendo atingir os 11 mil metros . São depressões abissais estreitas, de declives muito acentuados, que aparecem em zonas de ilhas vulcânicas ou perto da base do talude continental, nas proximidades de cadeias montanhosas. Estas são zonas de subducção, o que significa que nelas há destruição de crosta oceânica. Nestes locais, nos limites convergentes entre placas tectónicas, a placa mais densa mergulha debaixo da menos densa, fundindo-se com o magma. Das 20 maiores fossas abissais do planeta, 17 encontram-se no Pacífico.
Qual é o ponto mais fundo do oceano?
O Challenger Deep, na fossa das Marianas, é o ponto mais fundo do oceano, com cerca de 11 mil metros de profundidade.
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Fig.1 - NOAA/CBNMS - Devido à pressão, só é possível ao ser humano chegar aos pontos mais fundos do oceano dentro de submersíveis, como o Delta Submersible da imagem
A fossa das Marianas, no oceano Pacífico, a leste das Ilhas Marianas, foi descoberta em 1875, na expedição do navio HMS Challenger, nome que serviu de inspiração para batizar o ponto mais fundo da fossa das Marianas, o Challenger Deep.
Em 1960, Don Walsh e Jacques Piccard foram os primeiros a visitar a fossa das Marianas, a bordo do batíscafo Trieste. Em 2012, este local voltou a ser visitado pelo realizador James Cameron, no submersível Deep Sea Challenger, para recolher dados científicos e captar imagens do fundo do mar. Mais recentemente, em 2019 e 2020, Victor Vescovo e a sua equipa visitaram, numa série de mergulhos, o ponto mais fundo do oceano.
Em comparação, se puséssemos o Monte Evereste, o ponto mais alto do mundo com o pico a quase 9 mil metros de altitude, no fundo da fossa das Mariana, a cerca de 11 mil metros de profundidade, ainda faltariam cerca de 2 mil metros para chegar à superfície.
Qual é a temperatura do oceano?
A temperatura média de toda a massa de água do oceano é de 3,5 °C.
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Fig.1 - Kevin Gill - Temperatura superficial do oceano
Apesar da temperatura média de todo o oceano ser de 3,5 °C, como a quantidade de energia solar absorvida varia, tanto entre regiões como em profundidade, o oceano não tem todo a mesma temperatura.
Nos trópicos, os raios solares incidem diretamente no oceano, o que aquece a sua água superficial. Por outro lado, nas zonas polares, incidem indiretamente, o que explica a existência de água fria e de gelo. Esta variação na incidência de energia solar gera uma grande amplitude térmica da água superficial, ou seja, varia entre 30 °C nas zonas tropicais e -2 °C perto dos polos.
A temperatura também varia com a profundidade. Diminui gradualmente até aos 200 metros e decresce de maneira mais acentuada até aos 8–10 °C, entre os 200 e os 1000 metros, definindo-se essa zona como termoclina. Nas regiões temperadas, a termoclina pode ocorrer a menor profundidade. Abaixo dos 1000 metros, a temperatura tende a descer gradualmente, até aos 2 °C. Geralmente, esta variação não ocorre nas regiões polares.
Porque é mais fácil flutuar no oceano?
Por ser mais densa, é mais fácil de flutuar em água salgada do que em água doce.
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Fig.1 - Spencer Watson - Os humanos, e os restantes seres vivos, conseguem flutuar e ocupar diferentes posições na coluna de água devido à diferença de densidade entre o seu corpo e a água
A densidade de uma substância é a relação entre a sua massa e o espaço que ocupa (volume), e varia com a temperatura e a salinidade: água mais fria e mais salgada é mais densa. Com a profundidade, também aumenta a densidade, pois as águas mais densas tendem a afundar, e as menos densas a ascender à superfície. Esta dinâmica entre águas superficiais e profundas é essencial para a circulação das correntes oceânicas e a distribuição de calor e energia pelo planeta.
O que é a biodiversidade?
A diversidade biológica, ou biodiversidade, pode definir-se como a variedade total de vida do planeta Terra.
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Fig.1 - Umeed Mistry - Os recifes de coral são um dos ecossistemas com maior biodiversidade do planeta
Desde a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que decorreu em 1992 no Rio de Janeiro (Brasil), que o termo abreviado «biodiversidade» foi aceite e é globalmente usado.
Contudo, este é um conceito abrangente que inclui o conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes ou que existiram (a grande maioria), nomeadamente em determinada região, as suas comunidades, os seus ecossistemas e a sua diversidade genética.
As alterações climáticas e o aquecimento global são sinónimos?
As alterações climáticas são mudanças em parâmetros climáticos que se mantiveram constantes durante um longo período. O aquecimento global é a subida da temperatura média do planeta.
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Fig.1 - NASA - Representação da anomalia na temperatura supercificial global entre 2017 e 2021, com a escala em graus Celcius
Assim, apesar de muitas vezes serem usados como sinónimos, os termos «alterações climáticas» e «aquecimento global» referem-se a conceitos diferentes.
As alterações climáticas incluem, para além do aquecimento global, mudanças na precipitação, no vento ou na nebulosidade, que podem resultar em eventos extremos mais frequentes e intensos, como ondas de calor, secas ou inundações e furacões. O aquecimento global refere-se apenas ao aumento da temperatura média do planeta, que em 2017 atingiu cerca de 1 °C acima dos valores pré-industriais, correspondendo a um aumento de cerca de 0,2 °C por década. Nos últimos anos, o aumento de temperatura tem-se acentuado, com 2016, 2020 e 2019 como os três anos mais quentes.
As alterações climáticas que estão a ocorrer atualmente são diferentes dos vários processos de alterações de clima que existiram no planeta (eras glaciares e eras interglaciares), pois ocorrem a um ritmo muito superior ao normal em relação ao verificado no passado.

O que é uma área marinha protegida?
A criação de áreas marinhas protegidas são uma das formas mais eficazes de proteger a biodiversidade e os ecossistemas marinhos.
Trulli
Fig.1 - Joke Langens - O arquipélago das Berlengas, ao largo de Peniche, é uma Reserva Marinha com uma área de 9560 hectares, incluindo a massa terrestre e as águas que rodeiam o arquipélago
As áreas marinhas protegidas (AMP) são zonas geograficamente delimitadas, geridas por meios legais, que se destinam a gerir e conservar a biodiversidade, os habitats e os ecossistemas marinhos, assim como os serviços dos ecossistemas e os valores culturais a eles associados. Quando bem desenhadas e aplicadas, são um instrumento central de recuperação, proteção e aumento da biodiversidade, bem como de produtividade e resiliência, beneficiando as gerações presentes e futuras.
Para criar uma AMP, é imprescindível uma base científica, objetivos específicos de legislação, gestão e planeamento, medidas de proteção concretas e financiamento para uma implementação de longo prazo. A primeira AMP em Portugal foi criada em 1971 e situa-se no arquipélago das ilhas Selvagens. Existem hoje 73 áreas marinhas protegidas, e Portugal comprometeu-se a proteger 30% do seu oceano até 2030.

O que é a economia circular?
Numa economia circular devolvem-se os materiais ao ciclo produtivo pela sua reutilização, recuperação e reciclagem.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Numa econimia circular há uma reiintrodução no ciclo dos materiais, com um desperdício residual
Atualmente, a economia mundial funciona de forma linear: extraem-se as matérias-primas, que são transformadas em produtos, os quais, depois de usados, são descartados como resíduos. Desta forma, mesmo algumas matérias-primas valiosas e pouco abundantes não são reutilizadas. Este tipo de economia tem um impacto muito negativo no ambiente.
A economia circular, por outro lado, é um sistema de várias soluções essenciais para a existência de um futuro sustentável, já que pretende redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade.
Este modelo económico baseia-se em três princípios:
| Eliminar o desperdício e a poluição;
| Circular produtos e materiais;
| Regenerar os sistemas naturais.

Assim, este modelo de produção e consumo implica a partilha, a reutilização, e a reciclagem de materiais e produtos existentes. Ao repensar este ciclo, mesmo os subprodutos gerados por uma determinada empresa ou indústria podem servir de matéria-prima para outra, havendo assim uma valorização destes materiais.

Quem é o dono do oceano?
Segundo a Organização das Nações Unidas, o oceano é propriedade comum de toda a humanidade.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Esquema com os limites das diferentes zonas estabelecidas pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
Ao longo da história, a humanidade já olhou para o oceano, e para quem exerce soberania sobre o mar, de diversas formas. Atualmente, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar regula todos os aspetos e usos do oceano, garantindo a ordem, a produtividade e as relações pacíficas no mar. Esta Convenção foi adotada na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que decorreu entre 1973 e1982, e entrou em vigor em 1994.
Esta constituição do oceano regula 12 pontos principais: limites; zona económica exclusiva; plataforma continental; navegação; mineração dos fundos marinhos; regime de exploração; perspetivas tecnológicas; participação universal na Convenção; investimento; proteção do meio marinho; investigação científica; e resolução de conflitos.
Assim, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar dita que qualquer Estado tem direito a estabelecer:

| Mar territorial até às 12 milhas náuticas da linha de base, sobre o qual exerce a sua soberania;
| Zona contígua até às 24 milhas náuticas, onde exerce jurisdição, fiscalizando atividades, como o contrabando e a imigração ilegal;
| Zona económica exclusiva (ZEE) até às 200 milhas náuticas, onde tem soberania na exploração dos recursos naturais na água, no leito do mar e no seu subsolo, e jurisdição na preservação do meio marinho, na investigação científica e na instalação de ilhas artificiais;
| Plataforma continental, onde exerce soberania na exploração dos recursos naturais existentes no leito e subsolo marinhos. Nos casos em que o limite exterior da plataforma continental se estende além das 200 milhas náuticas, a Convenção obriga os Estados costeiros a fundamentarem, do ponto de vista técnico e científico, a existência de prolongamento natural a partir do território emerso. As propostas de extensão da plataforma continental dos Estados costeiros são apreciadas pela Comissão de Limites da Plataforma Continental, criada pelas Nações Unidas.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar ainda não foi alterada, dado ser um documento muito complexo e dos mais importantes do direito internacional. Apesar da tentativa de regular ao pormenor o uso do oceano, esta Convenção não podia contemplar ou prever todos os cenários futuros. Por esta razão, criaram-se e implementaram-se vários tratados, acordos e instrumentos de regulação desde 1982 que, sem mudarem o texto original, servem para responder aos novos desafios que o oceano enfrenta e às realidades que se perfilam para o século XXI.

O que é a sobrepesca?
A sobrepesca é pesca excessiva, ou seja, quando são capturados mais peixes do que aqueles que as populações conseguem substituir mediante a reprodução.
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Fig.1 - C. Ortiz Rojas - As artes de pesca também influenciam as populações, por serem mais ou menos seletivas, e têm impacto nos ecossistemas marinhos.
O crescimento da população humana, que duplicou nas últimas cinco décadas, fez aumentar a procura de pescado. Este aumento, associado à redução da diversidade de espécies consumidas, compromete os recursos marinhos como o atum, o salmão, a sardinha, o bacalhau e o camarão.
Devido à sobrepesca, 33% dos stocks marinhos estão sobre-explorados e 60% dos stocks são explorados na sua sustentabilidade máxima. A sua exploração contínua poderá levá-los a um patamar de sobre-exploração. Para isso contribui também a industrialização da pesca e o aparecimento de novas tecnologias que têm permitido pescar mais longe, mais fundo e em maior quantidade. Por isso, o volume das capturas quadruplicou desde 1950. Capturam-se anualmente 79 milhões de toneladas de pescado no oceano.
A sobrepesca é uma das principais ameaças à biodiversidade marinha, mas também põe em causa o bem-estar económico e social das comunidades costeiras, que dependem da pesca para sobreviver. Por exemplo, em 1992 a sobrepesca do bacalhau (Gadus morhua) no Canadá levou ao colapso do stock. Mais de 35 mil pescadores de 400 comunidades pesqueiras perderam o trabalho, e o impacto no ecossistema foi tão grande que ainda hoje está a recuperar.

Quanto pesa o oceano?
Quanto maior é a profundidade, maior é o peso da água - logo, maior é a pressão exercida nos seres vivos.
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Fig.1 - NOAA - Experiência feita a bordo do NOAA Ship Pisces mostrando como os copos de esferovite foram comprimidos a um quarto do tamanho pela pressão da água
O ar à superfície da água exerce a pressão de 1 quilo por centímetro quadrado, o que equivale a 1 atmosfera. Debaixo de água, a pressão aumenta à razão de 1 atmosfera por cada 10 metros de profundidade.
Portanto, de acordo com a profundidade a que estamos o peso do oceano que sentimos sobre nós varia. Mas se estivermos na fossa das Marianas, o local mais profundo do oceano, a pressão equivale a uma pessoa suportar o peso de 50 aviões.

Podemos mergulhar até ao fundo do oceano?
Só é possível ao ser humano visitar os pontos mais fundos do oceano dentro de submersíveis.
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Fig.1 - Jakob Boman - O ser humano pode mergulhar e explorar o fundo marinho em apneia, mergulho com escafandro ou dentro de submersíveis
O mergulho mais profundo feito por um ser humano em apneia foi de 253 metros, por Herbert Nitsch em 2012, e com escafandro foi de 332 metros, por Ahmed Gabr em 2014. No entanto, em 2019, numa série de mergulhos com submersível, na expedição Five Deeps, Victor Vescovo e a sua equipa chegaram ao ponto mais fundo das cinco bacias oceânicas, incluindo o ponto mais profundo do planeta, o Challenger Deep, na fossa das Marianas, a 10934 metros.
Porque dizemos que o oceano é azul?
O oceano funciona como um filtro da luz solar no qual a luz azul é menos absorvida.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Vemos o oceano azul porque o oceano funciona como um filtro da luz solar, sendo o azul a cor menos absorvida
A luz branca, como a do Sol, contém uma mistura de comprimentos de onda que correspondem a diferentes cores, visíveis quando se forma o arco-íris. Ao chegar ao oceano e a luz vermelha, a laranja e a amarela são absorvidas quase na totalidade. Por outro lado, a luz azul é menos absorvida. Por isso, quando olhamos para o oceano, vemos a cor azul, apesar da água do oceano ser incolor.
No entanto, a cor pode variar com os elementos em suspensão na água, como algas ou sedimentos, que absorvem ou refletem outras cores. Na verdade, a maior parte do oceano não tem luz.

Até que profundidade existe luz no oceano?
Com base na profundidade e na absorção de luz, o oceano divide-se em três zonas:
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Fig.1 - Divedog - A quantidade de luz solar vai diminuindo com a profundidade
Zona eufótica (“luz do Sol”) - nos primeiros 200 metros a luz do Sol ilumina a água do oceano e é onde os organismos fotossintéticos marinhos se concentram;
Zona disfótica (“crepuscular”) - entre os 200 e os 1000 metros chega apenas uma pequena percentagem da luz solar, desaparecendo rapidamente com a profundidade, o que faz com que não haja luz suficiente para a fotossíntese;
Zona afótica (“meia-noite”) - abaixo dos 1000 metros é escuridão total, a única luz vem de organismos bioluminescentes.
Qual é o pH do oceano?
Atualmente, o valor médio do pH das águas superficiais do oceano é 8,1. 
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - O grau de acidez de um líquido é medido através da escala de pH
A presença de iões de hidrogénio na água e a sua concentração permite definir o grau de acidez do oceano. O pH é a unidade de medida dessa acidez; varia numa escala entre 0 e 14 (7 indica uma solução neutra). Quanto menor é o pH, maior será a acidez do meio, ou seja, mais iões de hidrogénio estarão dissolvidos na água.
O oceano absorve cerca de 30 % do dióxido de carbono na atmosfera (CO2), e este gás reage com a água, produzindo iões de hidrogénio, que tornam a água mais ácida.
A ocorrência de processos biológicos, físicos e geológicos em diferentes escalas espaciais e temporais faz variar os níveis de acidez.
O que é a acidificação do oceano?
A acidificação do oceano é a diminuição do pH do oceano principalmente pela absorção de CO2 atmosférico.
Trulli
Fig.1 - NOAA - Com o aumento da acidez da água do oceano estruturas como conchas e esqueletos vão tornar-se cada vez mais frágeis, tal como a concha da imagem que ficou transparente
Desde a Revolução Industrial, que se verificou um aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2), devido às atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e a desflorestação. Este aumento de concentração de CO2 na atmosfera, refletiu-se numa maior absorção deste gás pelo oceano, provocando uma diminuição do valor médio do pH das águas superficiais de 8,2 para 8,1, correspondendo a um aumento de cerca de 30 % na sua acidez.
Este fenómeno vai afetar a sobrevivência das espécies marinhas, pois os iões de hidrogénio irão reagir com o carbonato de cálcio presente nas conchas e nos esqueletos de muitos animais, como os corais, fragilizando-os e impedindo a produção de novas estruturas.
Porque há correntes oceânicas?
Marés, ventos e densidade da água são fatores que controlam as correntes oceânicas.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Um dos fatores que influencia as correntes oceânicas é a temperatura
Um dos fatores que influenciam as correntes oceânicas é a maré. Esta cria uma corrente no oceano perto da costa, a que chamamos corrente de maré. As correntes de maré mudam de acordo com um padrão bastante regular e previsível.
Um segundo fator são os ventos, que geram correntes próximas da superfície do oceano. Estas correntes são geralmente medidas em metros por segundo ou em nós (1 nó = 1,85 quilómetros por hora). Os ventos geram correntes próximas das áreas costeiras a uma escala local, e no oceano aberto a uma escala global.
Um terceiro fator é a circulação termo-halina, que designa as correntes que têm origem nas diferenças de densidade na água devido à temperatura (termo) e salinidade (hale) em regiões distintas do oceano. As correntes geradas pela circulação termo-halina ocorrem em profundidade e movem-se muito mais devagar do que as correntes de maré ou de superfície.
A circulação termo-halina impulsiona um sistema de correntes global, a dita grande circulação oceânica. Um metro cúbico de água leve cerca de mil anos até completar a grande circulação oceânica.
Também a geometria costeira e a rotação da Terra (efeito de Coriolis) influenciam a localização, direção e velocidade das correntes. Devido ao efeito de Coriolis, as correntes oceânicas desviam-se para a direita no hemisfério norte, e para a esquerda no hemisfério sul.
Estima-se que a grande circulação oceânica envolva um terço da água do oceano, com um fluxo de 20 milhões de metros cúbicos por segundo, ou seja, cerca de 5000 vezes o fluxo das cataratas do Niágara, na América do Norte.
O que são os giros oceânicos?
Um giro é um sistema de grandes correntes oceânicas permanentes e circulares.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Existem cincos grandes giros ocenânicos
O vento, a rotação da Terra e os continentes contribuem para formar os giros. O vento arrasta as águas superficiais, movendo-as no sentido em que sopra. A rotação da Terra (efeito de Coriolis) altera a direção da água movida pelo vento. No Hemisfério Norte, as correntes movem-se no sentido dos ponteiros do relógio, e no Hemisfério Sul as correntes movem-se para a esquerda, no sentido contrário aos ponteiros do relógio. Os continentes também vão influenciar esta circulação, delimitando o espaço para a água circular. Existem cinco grandes giros: o giro do Atlântico Norte, o giro do Atlântico Sul, o Giro do Índico, o giro do Pacífico Norte e o giro do Pacífico Sul.
O que é a corrente do Golfo?
A corrente do Golfo é o principal transportador de calor de sul para norte do Atlântico.
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Fig.1 - Sofia Pavia Saraiva - Existem cincos grandes giros ocenânicos
No Atlântico Norte, a corrente do Golfo move-se para norte, desde a Flórida até à Carolina do Norte, onde se desvia para este, atravessando o Atlântico até chegar à Europa. Esta corrente tem uma velocidade média de 6,4 quilómetros por hora, e transporta água quente de origem tropical para as águas frias mais a norte. Este padrão é responsável pela salinidade e temperatura elevadas que ocorrem, por exemplo, no mar dos Açores.
A oeste da crista média atlântica, a corrente do Golfo divide-se na corrente do Atlântico Norte e na corrente dos Açores. Esta segue depois para sudeste, percorrendo todas as ilhas do arquipélago.
A corrente do Golfo influencia o clima da Europa, sendo responsável pelas temperaturas amenas da costa oeste do continente europeu, incluindo Portugal continental. Esta corrente alimenta a corrente dos Açores, que transporta água quente e massas de ar húmidas, originando o sistema de alta pressão sobre as ilhas do arquipélago, que resulta num clima com temperaturas constantes, elevada humidade e precipitação.
O que é o El Niño e a La Niña?
O El Niño e La Niña são fenómenos climáticos periódicos com implicações globais.
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Fig.1 - Matt Palmer | Unsplash - Seca na Austrália
Geralmente, no oceano Pacífico, o vento, na linha do equador, sopra em direção oeste, transportando água quente desde a América do Sul até à costa Asiática. À medida que a água quente se move, é substituída por água fria de camadas mais profundas do oceano, rica em nutrientes, num fenómeno chamado afloramento costeiro. O El Niño e a La Ninã são interrupções nestas condições normais, com impacto no clima a nível global, que normalmente duram entre nove a doze meses, mas podem prolongar-se durante anos. Estes fenómenos climáticos não têm uma periocidade regular, sendo o El Niño mais frequente.
Em anos de El Niño, as correntes frias da costa do Peru são invadidas por águas quentes do Pacífico Central, por diminuírem os ventos predominantes. A água quente, ao impedir a subida de água profunda, rica em nutrientes, faz baixar as capturas de peixe, o que por sua vez afeta colónias de aves marinhas, pinguins, focas e leões-marinhos. Esta alteração nas correntes perturba o clima do mundo durante vários anos, e é causa de inundações e secas.
O acontecimento contrário - ventos predominantes extremamente fortes - provoca o fenómeno La Niña. Neste caso, quando as águas quentes do Pacífico se dirigem para oeste, aumenta o volume de água fria que sobe à superfície, o que leva a fortes monções na Índia, bem como a precipitações elevadas na Austrália e na África do Sul.
Nos primeiros metros de água do oceano, existe tanta energia térmica como em toda a atmosfera. As correntes oceânicas transportam permanentemente esse calor do equador para os polos.
O que é o afloramento costeiro?
O afloramento costeiro é a ascensão da água fria de profundidade.
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Fig.1 - Com o afloramento costeiro há uma fertilização das águas superficiais, muitas vezes criando zonas de alta produtividade e, por isso, zonas de alimentação para muitos animais - Johnny Chen
O afloramento costeiro, ou upwelling, acontece quando a água quente da superfície do oceano se move, devido à ação do vento, e é substituída por água mais fria, rica em nutrientes, vinda de zonas mais profundas do mar. Este fenómeno ocorre tanto em mar aberto, como nas zonas costeiras, e transporta nutrientes das águas mais profundas para as superficiais iluminadas pelo Sol, onde podem ser usados para a fotossíntese.
Como se formam as ondas?
As ondas mais comuns são as causadas pelo vento.
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Fig.1 - As ondas formam-se pela passagem de energia ao oceano - Thomas Horig
As ondas de superfície são criadas pela fricção do vento contra a água da superfície. Quando o vento sopra pela superfície do oceano, a perturbação contínua cria uma crista de onda. Encontram-se estas ondas em todo o oceano aberto e ao longo da costa. A força com que o vento sopra, ou seja, a energia que transfere para o mar, a sua duração de atuação e a velocidade com que sopra determinam o tamanho das ondas. Ao aproximar-se da costa, diminui a velocidade da onda e aumenta a sua altura, devido à interação com o fundo, até por fim rebentar. As ondas são caracterizadas por parâmetros como altura e distância entre as cristas, que, juntamente com a profundidade, permitem calcular a velocidade com que uma onda se propaga.
Outras ondas podem ser causadas por condições climáticas severas, como um furacão. Os ventos fortes e a pressão destas tempestades provocam as ondas de tempestade, série de longas ondas criadas em águas mais profundas, longe da costa, que se intensificam à medida que se aproximam da terra e que, por isso, são potencialmente mais perigosas.
Os maremotos são ondas gigantes causadas pelo deslocamento de um grande volume de água, em consequência de terramotos ou erupções vulcânicas no mar. Não se assemelham a correntes submarinas normais ou ondas do mar, pois o comprimento da onda é muito maior. Embora o impacto dos maremotos se limite às áreas costeiras, o seu poder destrutivo pode ser enorme e afetar todas as bacias oceânicas.
Também as marés são ondas gigantes que se formam devido à ação conjunta da gravidade da Lua, que é a que exerce maior influência, do Sol e da Terra. O movimento de rotação do nosso planeta também vai determinar o local em que as diferentes marés se registam.
O que são as marés?
As marés são as subidas e as descidas do nível da água do oceano.
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Fig.1 - As marés são influenciadas pela atração gravítica da Lua e do Sol - Sofia Pavia Saraiva
A Terra, como um íman, atrai todos os objetos. Esta força de atração é a gravidade; é por isso que, quando se larga um objeto, este cai. No oceano, a força da gravidade é responsável por atrair a água, não a deixando escapar para o espaço.
Os astros, como a Lua e o Sol, também exercem esta força da gravidade. É sobretudo a força da gravidade da Lua que provoca as marés. Este satélite natural da Terra funciona como um íman que puxa a água do oceano. Os movimentos de rotação da Terra e de translação da Lua fazem subir o nível do mar nos locais onde a Lua se encontra mais próxima da Terra (preia-mar). Nos locais da Terra mais afastados da Lua, o nível do mar é mais baixo (baixa-mar). A influência da Lua é bastante superior à do Sol, pois, embora a sua massa seja muito menor que a do Sol, esse facto é compensado pela menor distância da Terra.
As marés vivas são marés de maior amplitude. Ocorrem na lua nova e na lua cheia, quando a Lua está alinhada com o Sol e as forças de ambos se combinam. Durante o quarto minguante e o quarto crescente, as marés têm menor amplitude e chamam-se marés mortas, pois forma-se um ângulo reto com a Lua e o Sol e cada astro exerce força para seu lado, o que quase anula as forças de ambos.
Em Portugal, repetem-se todos os dias em ciclos de cerca de 12 horas. Num dia, existem duas fases de preia-mar (maré alta) e duas de baixa-mar (maré baixa), alternadas.
O que dão os ecossistemas marinhos?
Os serviços dos ecossistemas marinhos são os benefícios que os ecossistemas proporcionam aos seres humanos.
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Fig.1 - O pescado usado para alimentação é um serviço de provisão que o oceano nos proporciona - Richard Bell
O oceano proporciona um conjunto de bens e serviços ecossistémicos essenciais: por exemplo, produz oxigénio, disponibiliza alimento e regula o clima, mas também apresenta oportunidades comerciais e recreativas. Alguns dos bens e serviços dos ecossistemas marinhos são fornecidos sem qualquer intervenção humana. No entanto, a ação humana pode afetar e causar a disrupção destes sistemas naturais.
Os serviços dos ecossistemas podem ser classificados em quatro grupos: serviços de suporte, serviços de provisão, serviços de regulação e serviços culturais. Os serviços dos ecossistemas incluem assim elementos de fácil mensuração, como o pescado consumido pela população portuguesa (cerca de 55 quilos anuais por pessoa) mas também elementos invisíveis, sem os quais não seria possível viver, como o contributo para o equilíbrio do ciclo da água.
Os serviços dos ecossistemas marinhos referem-se ao fluxo de benefícios que a sociedade recebe do mar aberto, do oceano profundo, das zonas costeiras e dos estuários. Este conceito é um elemento importante de apoio nas ações de conservação do oceano.
Dado o rápido declínio dos ambientes marinhos, é urgente destacar o papel dos ecossistemas naturais como sistemas que suportam a vida e compreender a importância do oceano.
Em 2000, a Organização das Nações Unidas lançou a iniciativa global Avaliação de Ecossistemas do Milénio. Publicado em 2005, este relatório concluiu que dois terços dos serviços ecossistémicos da Terra estão em declínio ou ameaçados.