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As tartarugas-marinhas em São Tomé

Projeto de conservação financiado pelo Oceanário de Lisboa

As tartarugas-marinhas encontram-se ameaçadas a nível global. Na ilha de São Tomé as principais ameaças são a captura de ovos para alimentação e a comercialização de produtos derivados de tartarugas-marinhas. Nos últimos dois anos, com o apoio do Oceanário de Lisboa, o projeto de conservação de tartarugas-marinhas conseguiu reduzir, em mais de duas centenas, o número de capturas destes animais.

O projeto de conservação de tartarugas-marinhas, na ilha de São Tomé, surgiu na sequência da parceria estabelecida em 2012, entre a Associação Tartarugas Marinhas (ATM) e a ONG Mar, Ambiente e Pesca Artesanal (MARAPA).

Desde 2016, este projeto permitiu criar uma zona de proteção com 23 quilómetros de praia, incluindo os principais locais onde as tartarugas colocam os seus ovos. Possibilitou ainda a realização de patrulhas noturnas e diurnas para assegurar a proteção das fêmeas e dos ninhos, a recolha de dados morfológicos das tartarugas e a marcação e recolha de material biológico para estudos genéticos. Adicionalmente, os ovos dos ninhos que se encontravam em risco foram transferidos para centros de incubação. Nas atividades de monitorização, que foram realizadas com o apoio de pescadores que antes se dedicavam à captura de tartarugas-marinhas, foram observadas quatro espécies: a tartaruga-de-couro, a tartaruga-oliva, a tartaruga-verde e a tartaruga-de-pente, destacando-se o aumento do número de observações desta última, em relação ao ano anterior.

Para além destas atividades, este projeto assegurou ainda a formação contínua dos guardas de praia, a criação de um programa de estágios remunerados para jovens santomenses recém-licenciados e a dinamização de workshops de capacitação das autoridades governamentais e policiais. O apoio à criação de meios de subsistência alternativos à captura e comercialização de tartarugas-marinhas foi também uma das prioridades do projeto, com a criação de cursos de iniciação à costura para as mulheres das comunidades locais.

Para conseguir o envolvimento das comunidades locais e escolares foram criados vários eventos culturais e desportivos. De destacar, a realização de teatros que sensibilizaram para a proteção das tartarugas-marinhas, de concursos de culinária que promoveram o uso de alimentos alternativos à carne de tartaruga e a organização de torneios de futebol para pescadores, com questionários no intervalo dos jogos sobre as tartarugas-marinhas que habitam a ilha. Nas escolas básicas das comunidades alvo foram ainda distribuídos livros sobre a proteção das tartarugas-marinhas. A grande maioria destas campanhas de sensibilização tiveram transmissão na televisão local.

No futuro, o projeto prevê a proteção total das praias de desova, a criação de um manual de tartarugas-marinhas de São Tomé e Príncipe e a continuação do trabalho de formação, sensibilização e monitorização já realizado.

O Oceanário de Lisboa colabora em projetos que promovem a conservação da biodiversidade marinha desde 1998. Os projetos apoiados pretendem promover um maior conhecimento sobre as espécies e ecossistemas marinhos e procurar soluções que permitam combater as ameaças que enfrentam.

Clique aqui e consulte o relatório de atividades 2016-2017.

Foto: José Carlos Bernando Costa