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Biodiversidade das Ilhas Selvagens, um património único português

Resultados da expedição "Ilhas Selvagens", da National Geographic

A National Geographic, com o apoio do Oceanário de Lisboa, apresentou hoje, ao Governo Português, o Relatório Científico e o Filme da Expedição “Ilhas Selvagens”, realizado no âmbito do seu programa Pristine Seas.

Em setembro de 2015, a equipa do programa Pristine Seas fez uma expedição às Ilhas Selvagens, no arquipélago da Madeira, pretendendo avaliar o estado do seu meio marinho. A apresentação dos resultados ao Ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, e à Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, tem como objetivo informar sobre o estado de equilíbrio dos ecossistemas marinhos das Selvagens, sensibilizando para a necessidade de aumentar a proteção da área marinha destas ilhas.

Nos arquipélagos do Atlântico Nordeste, que incluem os Açores, a Madeira, Cabo Verde e as Canárias, as Ilhas Selvagens destacam-se como um ecossistema marinho vibrante, equilibrado e com uma enorme diversidade de fauna e flora.

A reserva atual em torno das ilhas estende-se apenas até aos 200 metros de profundidade. Apesar de proteger muitas espécies costeiras, a pequena dimensão da reserva não permite proteger muitas espécies oceânicas, como aves marinhas, mamíferos marinhos e grandes peixes pelágicos que dependem deste ecossistema.

Sob o mote Journey to the Ocean’s Last Wild Places, o Pristine Seas é um programa da National Geographic que explora os últimos ecossistemas pristinos e selvagens dos oceanos para os proteger, conservando assim a riqueza e o equilíbrio dos habitats marinhos. Com as expedições aos locais mais remotos do oceano já contribuiu para a proteção de três milhões de quilómetros quadrados de área marinha. As Ilhas Selvagens, no arquipélago da Madeira, foram o mais recente ecossistema marinho a ter a atenção do programa.

FACTOS E RESULTADOS CIENTÍFICOS DA EXPEDIÇÃO ÀS ILHAS SELVAGENS

| Foram realizadas observações de espécies de peixes, de algas e da comunidade do fundo marinho, em 29 locais, ao longo de 150 horas de mergulho científico. Em 12 locais diferentes, câmaras remotas filmaram entre os 164 e 2.294 metros para exploração do ecossistema de profundidade. Foram colocadas câmaras remotas, a meia-água, com isco para espécies pelágicas em 57 outros locais.

| O ecossistema marinho costeiro foi avaliado como saudável, encontrando-se mais de 47 grupos de algas e apenas uma cobertura de 8% de ouriços-do-mar, que, em grandes quantidades, podem ser indicadores de desequilíbrios nos ecossistemas como resultado de uma extensa atividade pesqueira.

| Foram identificadas 51 espécies de peixes de 28 famílias. Várias espécies comerciais como garoupas, barracudas, lírios e xaréus que foram alvo de sobre pesca em ilhas adjacentes, são comuns nas Ilhas Selvagens e atingem grandes dimensões.

| As câmaras remotas que filmaram entre os 164 e 2.294 metros para exploração do ecossistema de profundidade mostraram uma fauna diversa que inclui, pelo menos, 24 grupos de peixes de profundidade pertencentes a 17 famílias.

| As câmaras pelágicas revelaram várias espécies protegidas, como a baleia-de-Bryde (Balaenoptera brydei), o golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella frontalis), bem como a tartaruga-comum (Caretta caretta). As lhas Selvagens são extremamente importantes para os adultos e juvenis de espécies com valor comercial, como o dourado (Coryphaena equiselis), os juvenis de espadim-azul (Makaira nigricans), o carapau (Trachurus trachurus) e várias espécies de xaréus.