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“Literacia do oceano em maré alta” no dia aberto ao professor

Especialistas partilham perspetivas e inspiram professores a ensinar o mar

O Oceanário de Lisboa organizou, no sábado passado, a 15ª edição do “Dia Aberto ao Professor”, que contou com mais de 100 professores de todos os níveis de ensino. Além da apresentação do Programa de Educação para este ano letivo, o Oceanário promoveu ainda uma conversa com o mote “Literacia do Oceano em Maré Alta”, onde se debateu a importância de elevar a literacia do oceano junto do público escolar e de como criar estratégias que inspirem os professores e alunos a explorar o oceano nas salas de aula.

A conferência contou com a presença de diferentes profissionais que partilharam as suas perspetivas e experiências sobre esta temática. Com a moderação de Rita Costa, jornalista da TSF, o debate teve como oradores convidados Ana Mira Vaz, dinamizadora da criação do currículo do mar no Colégio Pedro Arrupe, Francisco Lufinha, recordista mundial de kitesurf, Frederico Almada, biólogo, responsável pela participação de estudantes em expedições oceanográficas, Pedro Madureira, geólogo, um dos responsáveis pela proposta de extensão da plataforma continental portuguesa, e Teresa Pina, bióloga marinha, responsável pelo Programa de Educação do Oceanário de Lisboa.

Durante a conversa foi reforçado que elevar o conhecimento sobre o oceano e reconhecer a influência mútua entre Homem e o oceano é essencial para compreender qual o nosso papel na sua proteção. Só assim poderemos influenciar as crianças e jovens de forma a mobilizarem-se e agirem pela sua proteção. Ana Mira Vaz, diretora pedagógica, acredita que “em todos os níveis de escolaridade e em todas as áreas curriculares, há pontes possíveis com o mar – umas muito evidentes, onde parece que o mar entra pela sala a dentro, e outras onde é preciso procurar com mais pormenor”. Os professores têm assim motivos e ferramentas concretos para motivar os alunos a olhar para o oceano como um grande ativo para sobrevivência do Homem.

Ao contar as suas aventuras em kitesurf, Francisco Lufinha inspira os mais novos, através dos seus desafios e sucessos, sempre aliados a mensagens importantes sobre a sustentabilidade do oceano. Em todas as visitas que faz às escolas, apresenta “o slide mais importante de todos, que mostra o que é que os alunos podem fazer para proteger o nosso mar”, comenta o atleta.

Pedro Madureira afirma que o futuro do oceano passa por “criar oportunidades de emprego para as gerações futuras”. O geólogo fala aos professores sobre a importância do oceano como motor de crescimento da economia e emprego para o país. Na sua opinião, “irão existir mais oportunidades associadas ao mar, ao seu conhecimento e à sua exploração sustentável”.

No final, todos concordam com Frederico Almada quando defende que “a melhor maneira de aprender é pondo a mão na massa. O entusiasmo dos alunos é totalmente diferente quando os colocamos no terreno a descobrir e a observar as espécies marinhas”.

Neste “Dia Aberto ao Professor” foi também apresentada a programação para as escolas para 2017/2018. Para Teresa Pina, responsável do Programa de Educação do Oceanário de Lisboa, “tentamos criar experiências educativas originais e envolventes com mais de 25 atividades para alunos, desde o pré-escolar até ao secundário”. Além disso, o Oceanário proporciona “uma oferta abrangente em termos de temáticas multidisciplinares, que integram os temas do mar com conteúdos curriculares do português, da matemática, da história”, entre outras disciplinas, afirma a responsável.


Oradores convidados:
Ana Mira Vaz
- Diretora Pedagógica do Colégio Pedro Arrupe e principal responsável e dinamizadora da criação do currículo do mar neste colégio. Este projeto é transversal e articulado entre todos os ciclos, do pré-escolar ao final do secundário, e valoriza e trabalha os conhecimentos e as competências do mar nos programas de todas as disciplinas. Pretende ainda promover o gosto pelo mar (afetiva e cognitivamente), pela descoberta de uma cultura marítima e pelo conhecimento do oceano.

Francisco Lufinha - Recordista mundial de kitesurf, fixou, a 13 de setembro de 2017, um novo recorde mundial da maior viagem de kitesurf em dupla. Percorreu 1.646 Km, juntamente com Anke Brandt, recordista mundial alemã, numa odisseia sem precedentes. Em 2013 completou a viagem Porto-Lagos (564 Km, em 29h), em 2014 ligou o ponto mais a sul do território português, as ilhas Selvagens, ao Funchal (306 Km em 12h) e em 2015 fixou um novo recorde do mundo entre Lisboa e a ilha da Madeira (874 Km em 48h). Desta forma, cumpriu o objetivo de ligar Portugal por mar.

Frederico Almada - Biólogo e investigador do MARE e do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, e mergulhador apaixonado pelo mundo subaquático. Atualmente trabalha em biologia evolutiva e ecologia marinha e continua a fazer questão de fugir do laboratório para o mar. Organiza expedições em navios com dezenas de investigadores e alunos para visitar os sítios mais maravilhosos do oceano. Acredita que o papel do cientista vai muito além do artigo científico publicado, da bancada de trabalho ou da sala de aula. A ciência tem de chegar a todos, em especial aos jovens.

Pedro Madureira - Geólogo, adjunto do responsável da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, coordenador técnico da proposta de extensão da plataforma continental, membro da Comissão Técnico-legal da Autoridade para os Fundos Marinhos, está, desde 2007, envolvido no projeto de extensão da plataforma continental portuguesa, sendo um dos principais responsáveis pela proposta apresentada às Nações Unidas. O seu trabalho ao longo destes anos, torna-o num dos maiores conhecedores do potencial do território marítimo português.

Teresa Pina - Bióloga marinha, responsável pelo desenvolvimento dos conteúdos educativos que visam promover o conhecimento do oceano e sensibilizar para a necessidade de alterar comportamentos de forma a garantir a sua sustentabilidade. Dinamiza workshops onde são trabalhados temas ambientais da atualidade, envolvendo os professores na formação de crianças e jovens para uma cidadania azul.